Visão de topo para atletas de topo

Os olhos guiam o corpo. Um atleta fisicamente bem treinado que é incapaz de tirar o máximo proveito da sua visão não está a utilizar todo o seu potencial. Os atletas profissionais e amadores sabem que a visão pode ter um papel fundamental no seu desempenho. Pode ser, aliás, o único fator que separa um bom atleta de um atleta excecional.

  • Acuidade Visual Estática. Se um atleta tem Acuidade Visual 10/10 de acordo com o teste de Snellen, isto não significa necessariamente que tenha uma visão perfeita. A escala de Snellen, que é o teste utilizado na maioria dos rastreios visuais e nos consultórios, apenas nos dá informação se o atleta é capaz de ver letras de determinado tamanho a uma certa distância (normalmente 6 metros). Isto é o que se chama Acuidade Visual e não nos dá qualquer informação acerca das suas capacidades em visão próxima, focagem ocular, perceção de profundidade, visão periférica ou coordenação binocular.
  • Sensibilidade ao Contraste. É uma capacidade bastante mais crítica para o desempenho do atleta. A Sensibilidade ao Contraste dá uma indicação da sensibilidade visual ao detalhe e de como os olhos vêem em condições meteorológicas e de luminosidade díspares e diversas.
  • Acuidade Visual Dinâmica. É uma medida que se debruça sobre a capacidade de um atleta ver objetos em movimento e também deve ser avaliada.
  • Movimentos Oculares. Existem dois tipos de movimentos oculares para os quais é fundamental avaliar a sua velocidade e precisão: os sacádicos (movimentos oculares de salto de um objeto para outro) e perseguições (movimentos oculares suaves usados para seguir objetos em movimento).
  • Acomodação / Vergência. Deve ser testada a capacidade do atleta para mudar a focagem ocular de forma eficiente e apontar corretamente os dois olhos para objetos que se encontram a diferentes distâncias. Estas capacidades visuais são fundamentais para qualquer atleta envolvido num desporto, como o futebol, que exige a perceção visual da bola ou dos jogadores a diferentes distâncias.
  • Perceção de profundidade. Deve ser avaliada a capacidade do atleta perceber o mundo em três dimensões que é crucial para o julgamento de distâncias e velocidades.
  • Reconhecimento Visual Central / Periférico. Esta é uma habilidade que mede a precisão e rapidez do atleta no reconhecimento de informação visual e mede o seu tempo de resposta à informação no campo visual periférico.
  • Concentração Visual. Esta é a capacidade do atleta concentrar a sua atenção no jogo, enquanto filtra distrações periféricas.
  • Memória visual. É a capacidade de recordar informações, quando solicitadas por uma pista visual. A memória é uma componente crítica da excelência. A interação entre a memória superior e um alto nível de conhecimento específico do desporto, dá aos atletas a capacidade de reconhecer padrões de forma quase instantânea e de tomar decisões rápidas e precisas.
  • Coordenação Visomotora. Essencial em qualquer desporto que exija movimento, será testada a velocidade e precisão da coordenação olho-mão e dos movimentos do corpo em resposta à informação visual.

Há vinte anos atrás, a visão predominante era de que, embora a aprendizagem e a formação de novas memórias ocorressem ao longo da vida, as mudanças neuronais associadas a estes eventos estavam todas nos recetores pré-existentes. Pensava-se que nenhum novo hardware neural, desde sinapses a neurónios, iria aparecer após os primeiros anos de vida. Nos últimos 20 anos, uma outra visão suplantou esta, mostrando que, embora o período juvenil seja especialmente adequado para a criação de novas estruturas e conexões das células nervosas, elas continuam a formar-se ao longo da vida. Sendo então possível treinar todas estas capacidades visuais, com exceção da Acuidade Visual Estática e da Sensibilidade ao Contraste, que apenas dependem das condições anatómicas do olho.

Através de um programa progressivo de treino visual é possível: